Hoje acordei e ao abrir o jornal vi uma matéria de folha
inteira sobre a “revolução” constituinte de 1932, exaltando a luta que São
Paulo travou contra o governo do “DITADOR” Getúlio Vargas pela democracia e
então liguei a televisão e o que estava passando no telejornal? Claro, uma
matéria exaltando também a revolução de 32. Quero deixar claro que de forma
alguma sou contra a luta que foi travada a favor da constituição, talvez eu não
saiba muito sobre o assunto, mas o modo como é tratado aqui no estado de São
Paulo eu acho de certa forma errado.
Uma coisa eu defendo sem sombra de dúvidas, a democracia,
pra mim ela é a base para qualquer modelo de Estado. Entretanto, assim como
ressalto e muito a democracia, desprezo a hipocrisia. O que eu não encontrei em
nenhum dos jornais que vi hoje foi sobre os antecedentes de 1930 (nem o motivo
pelo golpe de estado em 30 pelo “ditador” G. V.), nem nada relacionado à
república velha, e por que será?
Bom, quero lembrar que uma das características da república
velha era a política do café-com-leite, que consiste na alternância da presidência
entre paulistas e mineiros somente (claro isso é extremamente
democrático). Sem contar o fato de que o
então presidente paulista, Washington Luís, em 29, indicou outro paulista à
presidência, contrariando assim as expectativas de que quem deveria assumir o
Estado seria um mineiro. E, consequentemente, os políticos da época se
organizaram para acabar com a política do café-com-leite, e por isso houve o
golpe de Estado que fez com que Getúlio Vargas assumisse a presidência e destituísse
a constituição vigente. (Obs.: Esse foi o estopim de vários outros motivos que
levaram o fim da república velha).
O que quero dizer é que sim, a luta pela constituição de 32
foi uma batalha pela democracia, mas se a república velha não tivesse acabado, dificilmente,
na minha opinião, haveria uma luta assim, partindo do estado de São Paulo, a
favor da democracia.
Além do mais, essa exaltação toda apenas realça um
sentimento de identidade nacional exclusivamente paulista, eu creio que antes
de ser paulista, eu sou brasileiro e é esse o sentimento o qual deve ser
ressaltado da maneira como a revolução de 32 está sendo.
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